Praia escondida

-Não sei se vais poder dizer isso um dia mais tarde - toda a gente se arrependia de me conhecer mas eu nem me importava, a culpa era minha. Desviei a atenção para Soph e encolhi os ombros - andei a fazer figuras tristes, nada de mais - afastei-me delas - e aposto que na tua festa também já devem andar muitas pessoas com figuras tristes - fiz um sorriso matreiro - eu vou lá cuscar.

- Podes claro! - disse a Sophia - Desculpa não ter ido mais arranjada para a tua festa. Olhei por mim abaixo e ri-me, realmente que bela roupa para uma festa.
Não percebi porque é que Savannah tinha dito aquilo mas decidi não perguntar. Sentei-me na areia ao lado da prancha. Figuras tristes tinha feito eu e já me tinha arrependido mas decidi não dizer nada.

Ri-me com o seu primeiro comentário, Kae ainda não devia ter se apercebido que ela era a famosa Savannah!Abri a boca quando disse que na minha festa deviam a estar a fazer figuras triste-Savannah Hill! Que trouxes-te tu para a minha festa!?-perguntei num tom dramático a mais-Será que toda a gente quer drogar os meus convidados?Não faz mal Kae

Fiz uma expressão totalmente chocada como se não tivesse feito nada - eu não fiz nada! - disse logo, rindo-me - só trouxe um bolo de chocolate, as pessoas adoram bolos de chocolate e eu ainda adoro mais chocolate com alguns aperitivos - encolhi os ombros com um sorriso - eu vou lá, vêm? - perguntei.

Arregalei os olhos quando ouvi a conversa sobre drogas e bolo de chocolate, levantando-me bruscamente. - Espera lá, estás a falar daquele bolo de chocolate da festa? Tinha droga?! - perguntei chocada. Eu tinha comido aquele bolo por isso é que eu me tinha sentido tão estranha, tinha visto aquelas coisas todas e tinha feito o que fiz. - Estás a gozar só pode! Estava em estado de choque, como é que era possível! - Vamos, ai vamos vamos!

Desatei-me a rir, que podia eu fazer?
-Lembra-me de que sempre que trouxeres bolos com chocolate dar primeiro a provar a um dos meus seguranças ou assim-ri-me baixinho-EU tenho de ir cantar uma música final daqui a nada... Por isso sim vou!Calma aquilo deve ter um efeito rápido acho eu...

Fiquei impacientemente à espera que aqueles dois me largassem e estava prestes a passar-me da cabeça, ainda mais, quando eles finalmente o fizeram.
- Eu também já não queria dançar mais.- resmunguei.- a música não prestava.- encolhi os ombros, tentando voltar a vestir a minha camisola quando uma outra mão me agarrou.- larga-me.- disse quando percebi que se tratava de Savannah.- eu sei andar sozinho.- fiz com que me largasse, andando meio aos s's enquanto ia não sei bem para onde.

Revirei-lhe os olhos por estar a ficar todo resmungão outra vez - mas porque é que não ficaste com a tua amiguinha lésbica? - perguntei num resmungo voltando a agarra-lo antes que ele fosse contra alguma rocha e se magoasse a sério. Assim que chegámos mesmo à praia escondida empurrei-o para que se sentasse e perto da água e fui até lá mandando-lhe água para a cara quando veio uma onda rindo-me baixinho - ainda chateado com a maninha?

Levantei a cabeça para a olhar, apesar de não estar bem a vê-la, e revirei os olhos com o que disse, ou pelo menos, com o que eu consegui perceber.
- Mas tu sabes tudo sobre toda a gente? - resmunguei.- tu nunca a viste, como é que sabes que é lésbica? - pousei as mãos na areia quando ela me atirou para lá, sentando-me.- aposto que o nome não sabes.- encolhi os ombros com um sorrisinho que logo desapareceu quando ela me atirou água para a cara e para piorar, falou da minha irmã. Levantei-me logo, com areia nas duas mãos e atirei-lha para cima.- deixa a minha irmã, já te disse para deixares a minha irmã.- resmunguei, abanando a cabeça.- mas tu não aprendes? - revirei os olhos, começando-me depois a rir do seu cabelo por causa da areia.- devias tirar uma foto para por lá no teu blog, as pessoas iam adorar.

Levantei as sobrancelhas quando começou com as perguntas rindo-me ligeiramente - chama-se Alex, só preciso de saber o primeiro nome, é a única coisa que me interessa - encolhi os ombros e aproximei-me dele levando com areia em cima do cabelo. Revirei os olhos pegando também em areia molhada e fui na sua direcção enfiando-lha a areia na boca. - Estúpido - resmunguei afastando-me logo dele. Tirei o meu vestido colocando-o dobrado na areia limpa e fui dar um mergulho para tirar a areia do cabelo.

Pronto, estava mais do que visto, esta gaja não fazia mais nada do que bisbilhotar a vida dos outros, incluindo a minha.
- Chegas mesmo a assustar-me.- confessei com uma careta, vendo-a depois vir disparada até mim, enfiando-me areia pela boca a dentro. A sorte dela era que eu estava todo entorpecido por alguma razão, a informação demorava o dobro do tempo a chegar-me ao cérebro, porque se fosse noutra ocasião, ela já estava de pernas para o ar, com a cabeça enfiada na areia.- mas tu estás parva? - gritei-lhe. Comecei a tossir, deitando a areia toda cá para fora e quando lhe ia voltar a gritar aos ouvidos, já ela estava na água.- não perdes pela demora filha da..- nem terminei, olhei em volta, vendo o seu vestido na areia e nem pensei duas vezes em ir pegar nele.- podes dizer adeus ao teu lindo vestido! - gritei-lhe, voltando a cuspir para o chão quando senti mais areia. Agarrei naquela porcaria, olhando-o durante uns segundos e passado outros tantos, já ele estava a ser desfeito pelas minhas mãos.- olha que lindo.- ri-me, atirando os pedaços de pano para o chão.- eu bem te disse que te tinhas metido com a pessoa errada!- gritei-lhe, pisando os pedaços de vestido e depois, comecei a andar não sei bem para onde. Eu não sabia o que fazia, muito menos sabia porque estava assim..mas se ela tivesse alguma coisa a ver com isto, eu ia matá-la.- vamos ver quem faz figuras agora.- falei sozinho, com um sorrisinho satisfeito nos lábios.

Foi só tempo de limpar o cabelo que estava cheio de areia para sair e ver o estado em que ele tinha deixado o meu vestido. Eu bem o tinha ouvido falar sozinho, mas ele não andava a dizer coisa com coisa. - Não! - gritei para que ele ouvisse e fui até ao tecido rasgado do meu vestido sentindo os meus olhos encherem-se de lágrimas, começando a chorar - seu estúpido, isto foi um presente da minha avó - funguei limpando a bochechas.

Estava já quase na outra ponta da praia quando ouvi o seu grito. Arregalei os olhos r quando hei para trás, as minhas sobrancelhas juntaram-se ao vê-la debruçada spbre o vestido. Merda, tinha-me esquecido como as raparigas ligavam tanto à roupa, mas também, quem é que a tinha mandado meter-me areia na boca. Suspirei, começando a voltar para trás e qual não foi o meu espanto quando a vi a chorar. Ela..a chorar? Ia gozá-la, por estar a chorar por causa de um vestido quando ela me disse que tinha sido um presente da avó. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força e passei uma mão pelo cabelo, sem saber o que fazer.
- Desculpa..- acabei por pedir.- eu não sabia..- murmurei.- eu compro outro, eu sei que não é a mesma coisa, mas...- suspirei, agora sentia-me mesmo culpado.- desculpa.

Fui até ele ainda com a mesma expressão e tirei-lhe a camisa que ele tinha vestida colocando-a à minha volta, mas foi impossível continuar quando ele me começou a pedir desculpa vezes consecutivas e eu acabei mesmo por me começar a rir às gargalhadas - aquele vestido é novo em folha, comprei-o ontem numa loja qualquer - afastei-me dele antes que me batesse ou qualquer coisa do género e tentei não me rir mais, mas só de me lembrar da sua expressão de culpa não conseguia evitar.

Eu estava com tanta pena dela que nem me importei que me tirasse a camisola, deixando que se embrulhasse nela. Voltei a passar uma mão pelo cabelo, sem saber o que fazer mais para me desculpar, quando a ouvi falar.
- Tu o quê? - quase que gritei, para ter a certeza de que tinha ouvido bem. Esta gaja não existia, mesmo. Abanei a cabeça, cerrando o maxilar e fui atrás dela, tão rápido que foi impossível fugir-me. Agarrei-a pelas pernas, pouco me importando se estava com a minha camisola ou não e comecei a andar em direcção ao mar.- tu achas que podes brincar com as pessoas.- eu estava tão irritado que nem conseguia parar de gritar.- mas não podes.- abanei a cabeça e assim que cheguei à beira mar, atirei-a lá para dentro.- e isto é para não te fazer pior.- fechei as mãos em punho, não tendo bem a certeza se ela me ouvia, mas o mais provável era não o fazer.- porque a minha vontade é matar-te.

Ainda tentei fugir quando ele começou a correr atrás de mim, mas apesar de drogado ele ainda era rápido. Ri-me apesar de me começar a sentir assustada com o que ele pudesse fazer e bati-lhe com os joelhos no peito sentindo-me depois ser lançada ao mar. Fui ao fundo, batendo com o rabo no chão por não estar na parte funda e quando vim ao de cima voltei a rir-me - o que é que querias que eu fizesse? Estavas a ir embora e rasgaste-me o vestido - encolhi os ombros ainda com a roupa dele vestida, preferia ir assim do que só de lingerie para casa.

Cruzei os braços ao peito enquanto a via vir ao de cima e revirei os olhos por se estar a rir, eu não sabia se ela fazia de propósito ou não, mas só o facto de parecer tão divertida, irritava-me ainda mais.
- Eu senti-me culpado.- resmunguei, atirando-lhe água com o pé.- pensei que tinha estrago alguma relíquia de família ou alguma coisa do género.- fiz uma pequena careta.- sabes muito bem que não tenho dinheiro para te dar nem um da feira.- ri-me.- se bem que é o que se adequa a ti.- provoquei.- até a minha camisola parece demasiado para uma pessoa como tu.- não era só ela que podia gozar não era?

Fui saindo da água com cuidado espremendo a camisola dele que estava a colar-se toda ao meu corpo de tão ensopada que estava e encolhi os ombros - nenhum vestido consegue substituir o da minha avó por isso o mínimo que podias fazer era ficares calado e ires embora - sim, porque ele existia. Revirei os olhos quando me começou a insultar e encolhi os ombros - não te preocupes, eu não trago mais bolos para as festas a que vens - passei por ele dando-lhe uma pancadinha no braço e comecei a ir embora.

Fiquei a olhá-la a espremer a minha camisola e a certa altura já não tinha bem a certeza se esava só a olhar para a minha camisola. Eu podia odiá-la mas...nada, ela metia-me nojo, era como um rapaz para mim, sim, era isso. Estava tão embrenhado nos meus pensamentos que poucas coisas apanhei do que o que ela dizia, mas houve algo que me chamou à atenção.
- O bolo era teu? - perguntei com uma careta e foi como se tudo começasse finalmente a fazer sentido, tinha sido depois de o ter comido, só depois de o ter comido é que me tinha começado a sentir assim, só podia ser.- foste tu.- murmurei de maxilar cerrado mas quando olhei para o lugar onde era suposto ela estar, já ela se estava a ir embora. Abanei a cabeça, ainda indo a tempo de lhe agarrar no braço e fi-la olhar-me.- o que é que tu meteste no bolo? - perguntei mais irritado do que nunca.- foi por tua causa não foi?

Já estava quase a sair daquela praia quando senti o meu braço ser puxado. Arregalei os olhos virando-me para ele e continuei firme ficando a olha-lo com um sorrizinho cínico tendo plena noção que isso ainda o irritava mais - estava bom não estava? Divertiste-te não divertiste-te? - perguntei - agora largar-me, é só isso que interessa - tentei largar o meu braço da sua mão.

Ela sabia, ela sabia perfeitamente que aquele aei sorrisinho me irritava, ela sabia, e era por isso que o fazia. Mas eu tinha de ser inteligente, precisava de começar a ser superior às suas provocações. Tentei não alterar muito a minha expressão e fiquei apenas a olhá-lo.
- Eu juro que não percebo o que ganhas com estas coisas.- abanei a cabeça.- é tudo para teres o que escrever? - acabei mesmo por largar-lhe o braço, já não a conseguia ver à frente.- conta primeiro a tua história, mostra os teus podres e depois sim, vais ter moral para falar das pessoas.- olhei-a.- e podes ficar com a camisola, já não a quero para naca.- fiz um gesto qualquer com a mão e eu próprio comecei a sair dali. E eu a pensar que tibha agido bem em tê-la ajudado, era mesmo burro.

Fiquei apenas um pouco mais séria, tentando que essa expressão não se modificasse enquanto ele falava e assenti o senti largar-me empurrei-o virando costas. Nem disse nada, apenas cruzei os braços e fiquei de costas viradas enquanto ele se ia embora. Eu não ia contar a minha história, era demasiado vergonhoso. Encostei-me a uma rocha esperando até me decidir sair dali, indo pela estrada fora até minha casa que não era muito longe.

Apenas revirei os olhos quando a senti o seu empurrão que mal me fez mexer, mas nem disse nada, ela não merecia resposta e só pela sua reacção dava para perceber qie talve eu tivesse razão nas coisas que dizia. Olhei para o mar uma última vez antes de sair da praia e cpmecei logo a encaminhar-me para casa, deixando apenas uma mensagem a Alex, não estava com cabeça para a ir procurar, ela sabia tomar conta de si e eu precisava de dormir umas belas horas, hoje era noite de corrida.

-Então e o que queres vir aqui fazer? - Mordi-lhe o pescoço.